terça-feira, 10 de agosto de 2010

O DEMIURGO





Podemos até rir do Sistema - das roupas que usa para se apresentar aos olhos dos crédulos – pois sabemos que o rei está nu, embora o próprio rei não saiba disso e se acredite forte e poderoso em sua voragem de poder e glória. Podemos apontar para ele e ridicularizá-lo, esperando que se encolha, perceba a sua nudez e fuja para o seu castelo de sonhos e volúpias. Mas não podemos esperar que realmente isso aconteça - como na fábula.

      Seria bom se fosse assim, mas este sistema é constituído por pessoas sem consciência, egocêntricas e de tal forma dominadas pelo mal que, se apontássemos para o ridículo da sua nudez, para a crueldade com que tratam a natureza e a todos os seres que nela habitam, para a miséria que provocam com a sua ganância desenfreada, não se arrependeriam. Ao contrário. Do fundo do seu orgulho atávico, procurariam razões para justificar a barbárie em que imergiram o mundo.

      É como se realmente tivessem um pacto com um demônio. Não o dáimon de Sócrates; mais provavelmente o Demiurgo que, segundo os gnósticos, seria um ente de arrogância, típica dos que se acham onipotentes. Um pacto antigo, celebrado na Idade Média, a Idade das Trevas. Através dele, e de pai para filho, de “irmão” para “irmão”, esses seres que dominam o planeta e que se pensam humanos trocariam sangue por poder. Mas não o seu próprio sangue.

      O Demiurgo necessitaria de muito sangue para cristalizar o seu poder, o seu trono, neste planeta. Em troca, passaria alguns segredos cabalísticos para que seus servos e cultores possam dominar e manipular as pessoas e convertê-las em escravos mentais dos donos do poder. Esse sangue viria das guerras, freqüentes e necessárias para pagar o tributo em forma de holocausto ao deus vampiro.

      É uma possibilidade absurda? Talvez, mas há outra? Observem que os gnósticos afirmam que o Demiurgo seria Javé – aquele ser que apareceu primeiramente a Abrão, depois a Isaac, depois a Jacó, e posteriormente a Moisés, prometendo-lhes terras e riquezas em troca de constantes holocaustos. Na época, a palavra holocausto significava a morte de animais, que depois eram queimados em oferenda ao deus. Javé ofereceu uma troca: bens materiais por sangue. O sangue era necessário para que ele (Javé), que era um ser astral e não corpóreo, obtivesse, assim, uma âncora na Terra, através do fluido vital que está no sangue.

      Observem, também, que o Templo de Salomão, e, antes, a Tenda das Oferendas, nada mais era que uma grande casa onde animais eram abatidos e queimados diariamente. Isso era necessário para que a troca se concretizasse: sangue, fluido vital, por poder terreno. Simples assim; nada a ver com espiritualidade. Basta lerem o Pentateuco. Quando diminuíam as oferendas, através da descrença ou de outras razões, Javé afastava-se – como ligar ou desligar uma tomada. E o poder do povo por ele escolhido diminuía. O povo em si não tinha culpa nenhuma; apenas obedecia aos sacerdotes, que formavam a casta privilegiada que escolhia os reis e a maneira de dispor o poder adquirido.

      Com o passar dos tempos e com a evolução dos povos muito dos costumes daquela época foi esquecido. Mas os sacerdotes, agora transformados em homens de negócios, executivos, que sempre guardaram aqueles segredos, sabem a maneira de ligar e desligar aquela tomada com o mundo astral – diretamente com Javé, ou Baphomet, ou a Serpente Astral, se preferirem.

      Por isso as guerras ininterruptas. Quanto mais guerras, mais sangue e quanto mais sangue mais poder para aquela casta e maior força vital para aquele ser astral.

      Ou o Príncipe deste mundo, como disse Jesus, quando alertava os discípulos a negar-se a este tipo de servidão demoníaca. Ou a qualquer tipo de servidão material. Porque a servidão demoníaca nada mais é que a servidão à matéria. E pessoas que buscam a espiritualidade não devem se submeter ao seu oposto.

      Ou não terão o reino do Pai – a evolução espiritual que leva a outras realidades mais perfeitas - mas apenas o desta terra, para continuarem a destruí-la. A sua hipocrisia, por mais que queiram, não permite unir as duas faces de uma mesma moeda. Seria mais fácil um camelo passar pelo buraco de uma agulha.

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