quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

TORTURA



O que é o Gabinete de Segurança Institucional? Não entendo essa quantidade de ministérios de Lula/Dilma/PT. São 37. Nunca houve tantos ministérios no Brasil. E gabinetes e secretarias. Tudo para agradar aos amigos, dividir o dinheiro.

     O Chefe do Gabinete de Segurança Institucional é o general José Elito de Carvalho Siqueira. Alguém muito amigo de Nelson Jobim & Cia. Com a tentativa de reabertura da “Comissão da Verdade”, pela Ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, que pretende mexer na questão dos crimes durante a ditadura militar, o general José Elito foi entrevistado a respeito e num dos trechos da entrevista disse o seguinte:

     "Nós temos que ver o 31 de março de 1964 como dado histórico de nação, seja com prós e contras, mas como dado histórico da nação. Da mesma forma os desaparecidos são História da nação, de que nós não temos que nos vangloriar. Nós temos que enfrentar e discutir e conversar como fato histórico. Guerra do Paraguai, não se fala em pró e contra?"

     Beleza, não?

     Na Argentina e no Uruguai, os assassinos e torturadores que vestiam farda durante as ditaduras militares naqueles países já estão presos. Aqui é proibido. Isto é, desde que se vejam os prós e contras. E isso demandará muito tempo...

     E o PT concorda, apesar da ingenuidade da ministra Maria do Rosário, que pretende responsabilizar o Estado pelas violações cometidas pelos militares.

     Talvez ela ainda não se tenha dado conta que o PT somente está no poder por concessão dos militares e que deve agir de acordo com eles. É um pacto implícito. Mesmo, porque quem manda de verdade é o Nelson Jobim, aliado dos Estados Unidos, e seus outros aliados, tanto os fardados como até os que vestem toga. Ele já foi ministro do Supremo e todos sabem o que é o STF no Brasil: a direita não fardada.

     O Congresso, em suas duas casas, é aquele teatro onde cabe até palhaço profissional. Os demais não são profissionais, mas atuam muito bem.

     O jogo está sendo jogado. O que é o Gabinete de Segurança Institucional? É o gabinete que tem o comando de 800 seguranças da presidência e o controle de outros 900 agentes que trabalham como arapongas na Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e um enorme poder político e institucional. Esse pessoal controla o Brasil e todos os brasileiros.

     Mandam no Brasil. A dona Dilma deu esse imenso poder para eles, que são amantes inveterados de golpes militares. Ingênua Maria do Rosário... “Comissão da Verdade”? Só se for para esconder tudo de novo. Se acontecer, será para anistiar de vez os militares torturadores e assassinos. Piada, enquanto o Brasil não for dos brasileiros.

     Agora, o Nelson Jobim convidou o José Genoíno para assessorá-lo no Ministério da Defesa. Como o Genoíno perdeu a eleição para deputado federal, será uma maneira de dar um bom emprego para ele. Além disso, é o José Genoíno, homem de confiança dos militares. Desde a guerrilha do Araguaia. Segundo consta, foi graças a ele que a guerrilha terminou mais cedo. Dizem que sob tortura. Todos revelam tudo sob tortura. Menos a Dilma. O que será que a Dilma não revelou?

     É esta a questão: tortura. A Comissão da Verdade quer identificar e prender os responsáveis pelos crimes de tortura e assassinato no Brasil da ditadura.

     O Jobim, estrategicamente colocado como Ministro da Defesa, mais o Genoíno, que parece saber tudo a respeito, farão o possível para que nada seja revelado. Parece que não seria bom para eles e os seus amigos militares. Em último caso, o STF terá habeas-corpus prontos para todos. Mas o importante é não revelar nomes.

     Não foram somente militares. Existiu uma coisa horrenda chamada Comando de Caça aos Comunistas (CCC), que era integrada por civis extremamente direitistas, hoje muito bem empregados, que caçavam e entregavam comunistas ou supostos comunistas para os militares. Quando não matavam. Os porões da ditadura são mais profundos do que aparecem nas revistas semanais.

     Era um grupo de ávidos sanguinários – com ramificações em quase todas as cidades do país – que deixou estarrecida a própria ditadura. Há indicações que muitos deles pertenciam a outras sociedades ainda mais secretas que permeavam as instituições militares. Os militares tentaram convencê-los de que os seus serviços não eram necessários. Não se sabe se conseguiram de todo.

     Existiu (e há quem diga que ainda existe) outra coisa horrenda chamada Esquadrão da Morte. Parece que estes eram compostos principalmente por policiais. Eles simplesmente matavam. Mas não se deve confundir Esquadrão da Morte com o CCC. O Esquadrão da Morte matava por obrigação funcional; o CCC por prazer, por diletantismo.

     Além desses, aqueles civis que simplesmente deduravam. Infiltrados em todos os setores da sociedade, eles diziam quem falava ou lia qualquer coisa que fosse interpretada como “comunista”. Esses também estão bem empregados, e acreditam que fizeram tudo aquilo por extrema santidade.

     Se a Comissão da Verdade ousar ser minimamente verdadeira terá de ir bem além das valas comuns da guerrilha do Araguaia ou de outras guerrilhas. E não ousará, porque à medida que alguns forem sendo presos, entregarão os demais, e os “demais” poderão ser, também, civis.

     A ditadura militar também foi civil.

     Por isto temos o Gabinete de Segurança Institucional, com os seus agentes secretos. A sua função deve ser evitar que as instituições sejam abaladas.

     Temos a Dilma, que diz que foi torturada e que deveria ser a primeira a desejar a verdade, mas é bastante reticente quanto a isso. A tortura provoca traumas. E temos Nelson Jobim para qualquer eventualidade mais drástica.

     A Comissão da Verdade é uma necessidade do sistema. Existe e existirá até o seu belo fim, quando todos serão devidamente anistiados e nada será desvendado. Para que ninguém pergunte mais nada a respeito da ditadura militar, e esta, um dia, se transforme em um mito patriótico.

     Enquanto isto, a realidade do presente continua. Organizações policiais que torturam e matam, como o BOPE no Rio de Janeiro e suas congêneres no restante do país. São elogiadas pela mídia oficial, que é quase toda a mídia, e tem seus feitos heróicos traduzidos em filmes fascistas.

     Mas não é só essa a nossa tortura diária.

     Existem milhões de pessoas que são torturadas pela fome no nosso país. Torturadas pela desesperança. Torturadas pela doença. Torturadas até pela esperança, que depois se esvai em tortura maior. Para essas pessoas a verdade é bem mais clara e a vida bem menos indulgente.

     Esses são descartáveis para o sistema. Não tem a sua “Comissão da Verdade”. Quando se queixam recebem algumas migalhas e são atirados aos lixões. Se algum deles se queixar um pouco mais, uma polícia especializada resolve o caso.

     Com esses o Congresso não se importa, o Judiciário põe novas vendas nos olhos e o Executivo finge um hipócrita paternalismo.

     O importante é não desvendar o passado recente, porque o presente já está sob absoluto controle.

Um comentário:

  1. Também tenho a mesma opinião à respeito: quase impossível abrir estes arquivos que contam o horror dos porões da ditadura, principalmente nominar estes monstros. Quanto às outras torturas, estão aí para quem tiver olhor de ver. Tortura! Sempre tive pânico só em ouvir a palavra, e os livros que li sobre, o fiz com muita dificuldade, pois o que contava eram as informações.
    Lidia.

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