quinta-feira, 14 de abril de 2011

O NOSSO IMPERIALISMO


Não é só a Dilma, não é apenas uma birra de menina mal-educada - principalmente mal-educada ecologicamente. Tampouco é somente um maquiavélico plano do ex-governo Lula, que é chamado de PAC, no qual está incluído a construção de hidrelétricas e, principalmente, de Belo Monte, no Pará, que será causa de destruição e morte da natureza naquela região.

     Não é só o PT e seus aliados loucos por cargos e por dinheiro; empresários e empreiteiros, multinacionais e tudo aquilo que se sabe.

     É todo um projeto para fazer do Brasil uma cópia dos Estados Unidos.

     Os Estados Unidos são um país que destruiu quase todas as suas florestas e matou quase a totalidade dos povos nativos. Em nome do desenvolvimento. Um país predador.

     Para conseguir fazer isso, as elites estadunidenses contaram com apoio dos grandes sindicatos, que amordaçaram os trabalhadores em suas lutas sociais e, principalmente, com uma política claramente fascista, que liquidou com qualquer tentativa de democracia naquele país – principalmente a partir dos anos ’40, durante o Macartismo.

O MACARTISMO

     Joseph McCarthy foi um capitão do exército, juiz e, posteriormente, em 1946, senador do Partido Republicano dos Estados Unidos. Apoiado pela ala mais fascista do seu partido e pelos serviços secretos dos Estados Unidos, como FBI e CIA, reprimiu os movimentos sociais, perseguindo e liquidando com toda a esquerda norte-americana.

     No seu primeiro dia de trabalho como senador propôs que, para acabar com uma greve de mineiros, estes fossem mobilizados para o exército. Se continuassem a recusar trabalhar deveriam ir a tribunal marcial.

     Durante todo o período que vai de 1946 a 1956, todos aqueles que fossem meramente suspeitos de simpatia com o comunismo, tornaram-se objeto de investigações e invasão de privacidade. Pessoas da mídia, do cinema, do governo e do exército foram acusadas de espionagem a soldo da URSS. Muitas pessoas tiveram suas vidas destruídas pelos macartistas, inclusive algumas sendo levadas ao suicídio.

     Foi uma época em que o medo do comunismo e da sua influência em instituições americanas tornou-se exacerbado, juntamente ao medo de ações de espionagem promovidas pela OTAN. Originalmente, o termo foi cunhado para criticar as ações do senador americano Joseph McCarthy, tendo depois sido usado para fazer referências a vários tipos de condutas, não necessariamente ligadas às elaboradas por McCarthy.

     O Macartismo realizou o que alguns denominaram "caça às bruxas" na área cultural, atingindo atores, diretores e roteiristas que, durante a guerra, manifestaram-se a favor da aliança com a União Soviética e, depois, a favor de medidas para garantir a paz e evitar nova guerra. O caso mais famoso nesta área foi Charles Chaplin.

     O posicionamento político de Chaplin sempre foi esquerdista. Durante a era de macartismo, Chaplin foi acusado de "atividades anti-americanas" como um suposto comunista, e J. Edgar Hoover, que instruíra o FBI a manter extensos arquivos secretos sobre ele, tentou acabar com sua residência nos EUA. A pressão do FBI sobre Chaplin cresceu após sua campanha para uma segunda frente europeia na Segunda Guerra Mundial em 1942, e alcançou um nível crítico no final da década de 1940, quando ele lançou o filme de humor negro Monsieur Verdoux (1947), considerado uma crítica ao capitalismo. O filme foi mal recebido e boicotado em várias cidades dos EUA, obtendo, no entanto, um êxito maior na Europa, especialmente na França. Naquela época, o Congresso ameaçou chamá-lo para um interrogatório público. Isso nunca foi feito, provavelmente devido à possibilidade de Chaplin satirizar os investigadores. Por seu posicionamento político, Chaplin foi incluído na Lista Negra de Hollywood.

     Em 1952, Chaplin deixou os EUA para o que orginalmente pretendia ser uma breve viagem ao Reino Unido para a estréia do filme Luzes da Ribalta em Londres. Hoover soube da viagem e negociou com o Serviço de Imigração para revogar o visto de Chaplin, exilando-o do país. Chaplin decidiu não voltar a entrar nos Estados Unidos, escrevendo:

     "(...) Desde o fim da última guerra mundial, eu tenho sido alvo de mentiras e propagandas por poderosos grupos reacionários que, por sua influência e com a ajuda da imprensa marrom, criaram um ambiente doentio no qual indivíduos de mente liberal possam ser apontados e perseguidos. Nestas condições, acho que é praticamente impossível continuar meu trabalho do ramo do cinema e, portanto, me desfiz de minha residência nos Estados Unidos". Chaplin decidiu então permanecer na Europa, escolhendo morar em Vevey, Suíça.

     Joseph McCarthy foi a pessoa utilizada pelo sistema fascista norte-americano para estar à frente de toda a repressão política e social, transformando os Estados Unidos em um país de pessoas amedrontadas pelo Estado.

     O resultado de toda essa perseguição política foi a formação de dois blocos partidários que se revezam no poder, mas que tem o mesmo objetivo: um Estado fascista que se impóe aos seus cidadãos - alicerçado por uma imprensa corrompida - e que, graças ao seu poderoso aparato bélico, tenta fazer com que o mundo inteiro siga a sua ideologia da farsa, da mentira e da degradação.

     Na América Latina foram inúmeros os golpes de estado que os Estados Unidos patrocinaram e continuam patrocinando (o último foi em Honduras, em 2009 – mas estão rondando Cuba, El Salvador, Venezuela, Bolívia, Nicarágua, Equador e já se adonaram do Haiti e da Colômbia) para impor as suas ideias e o que eles chamam de democracia, que nada mais é que o revezamento no poder, através de eleições, de duas correntes partidárias que estão unidas pelo mesmo objetivo político.

     Existem muitos outros partidos nos Estados Unidos, mas isso faz parte do jogo político – alimentar nas pessoas a ideia de que participar de um partido institucionalizado é uma maneira de participar do poder. Na verdade, o poder é repartido apenas por aqueles partidos conhecidos: O Partido Republicano e o Partido Democrata.

     Os demais partidos são apenas as “bases aliadas” dos dois partidos que se revezam no poder. Ou existem apenas para satisfazer veleidades de pequenos grupos. Os nomes de alguns partidos norte-americanos chegam a ser ridículos, como o Partido Oligárquico Americano, Partido Plutocrático Inglês ou o Partido Reacionário-Conservador Liberal-Democrata Americano. Existe até um Partido Comunista, mas completamente domado e emudecido.

O MACARTISMO BRASILEIRO

     O macartismo brasileiro esteve representado pelo golpe de 1964, quando militares treinados em bases norte-americanas tomaram o poder aos civis e instituíram uma ditadura terrorista contra os cidadãos. O objetivo era claro e declarado: acabar com todos os esquerdistas do país.

     Conseguiram em parte. E, depois que consideraram que o “perigo vermelho” não representava mais nenhum perigo no Brasil, fizeram uma aliança com as elites civis e permitiram as eleições livres, sempre cuidando para que os partidos mais à esquerda fossem, aos poucos, empurrados contra a parede e relegados a um último plano.

     Quando um partido de esquerda, reunindo várias tendências, surgiu com força no cenário político, foi cooptado e comprado aos poucos.

     Assim, conseguiram copiar os Estados Unidos, com dois partidos fortes revezando-se no poder, fingindo de democracia, e diversos outros partidos apenas participando como aliados desse mesmo poder e dessa mesma farsa. E a esquerda colocada atrás dos muros, como os palestinos da Faixa de Gaza.

     Além disso, esse poder conta com o apoio explícito da grande imprensa brasileira, que atua como filial dos grandes veículos de comunicação norte-americanos, que reproduzem as ideias e a ideologia fascista norte-americana, influenciando geração após geração.

     E o que entendemos como governo brasileiro, na verdade é um governo compartilhado, não só pelos aliados do governo mas também por aqueles que fazem o papel de oposicionistas.

     Ao PT e seus aliados e ao PSDB e seus aliados foi dada pelos Estados Unidos a chance de transformar o Estado brasileiro em uma cópia da sua maneira de fazer política.

     Há um plano de governo no Brasil, que não se limita ao período da duração de um mandato presidencial e que inclui os dois grandes blocos partidários. Um plano que surgiu junto com a abertura política dos anos ’80 e vem sendo arquitetado com todo o cuidado pelas elites norte-americanas, em aliança com as elites brasileiras, para transformar o Brasil no grande aliado no sul das Américas.

     Para isso, surge a necessidade de Forças Armadas fortes, de uma polícia bem estruturada, de uma mídia que seja a lei dentro da mente das pessoas, de mesadas para os mais miseráveis e de manobras diversionistas que pareçam ao povo uma verdadeira razão de viver – como futebol em abundância, carnaval, shows, feriados prolongados, novelas e toda a propaganda intensiva do modo de viver norte-americano, ou o “american way of life”.

     Enquanto isso, as coisas mais importantes vão acontecendo sem maior resistência, como o domínio das multinacionais dos transgênicos e das multinacionais da indústria farmacêutica, a plantação extensiva de cana de açúcar, para extrair o biodiesel que é exportado, o aumento dos latifúndios, a destruição da Mata Atlântica, a degradação da Região Amazônica.

     E a desertificação do solo, a entrega da Amazônia brasileira ao estrangeiro e a construção de grandes barragens hidrelétricas (reconhecidamente, pelos cientistas, como fatores de energia suja) – contra toda a lógica e em desfavor dos ecossistemas onde são construídas – para favorecer empresários, politicos, empreiteiras, multinacionais.

     E a extração do petróleo, explorado pela Petrobrás, que já não é toda brasileira. A extração dos minérios, através da Vale, que já não é brasileira. E, através de outros meios não institucionalizados, o roubo dos nossos minérios.

     Nesse plano estão juntos quase todos os membros do Congresso Nacional, independente de partidos políticos. Não somente a Dilma e o PT. Todos são compráveis, conforme mostram os mensalinhos e os mensalões.

     Em troca da entrega de nossas riquezas, a promessa da conquista da América do Sul. Primeiro, através de negócios com os países mais pobres, como Bolívia, Equador, Uruguai, Venezuela, Colômbia, Paraguai..., tornando-os dependentes da nossa economia gradativamente. Depois, o domínio do Mercosul apenas pelos países mais ricos, como Brasil e Argentina – esperando-se que a Argentina venha a tornar-se uma forte aliada. E o esvaziamento da ALBA (Aliança Bolivariana da Américas), através do seu isolamento e, se necessário, com o fechamento das fronteiras do norte, sob a desculpa de se evitar o tráfico de entorpecentes.

     Essa a razão de Forças Armadas tão bem armadas e da submissão do governo a elas. Na verdade, não é uma verdadeira submissão, mas uma aliança entre militares e civis do governo.

     O Brasil está chegando ao ponto que os Estados Unidos sempre desejaram. Tornando-se um país predador e autofágico; extinguindo, aos poucos, as populações indígenas indesejáveis, formando uma população cega, corrupta e subserviente às benesses do poder, revelando-se como um país imperialista dentro da América do Sul.

     Não é somente a Dilma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Faça o seu comentário aqui.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...