sábado, 18 de junho de 2011

MOTOSSERRA DE OURO PARA DILMA ROUSSEF


Nunca se desmatou tanto no Brasil como no atual governo. Somente em maio a área desmatada na Amazônia cresceu 72% em relação ao mesmo mês do ano passado.

     A floresta perdeu 165 quilômetros quadrados no mês passado, o que levou a um aumento nas emissões de CO2 equivalentes de 55,6 por cento na comparação anual. E tudo isso devido ao sinal verde dado pelo anúncio da aprovação do novo Código Florestal, que já foi aprovado na Câmara e teve como relator Aldo Rebelo, da base governista.

     Os dados divulgados pelo Imazon em abril chegaram a ser contestados por entidades do setor agropecuário, mas a tendência de aumento da perda florestal foi confirmada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, órgão oficial que monitora o desmatamento.

     Segundo o relatório do Imazon, de agosto de 2010 a maio de 2011, os dez meses do ano-calendário do desmatamento, foram desmatadas 1.435 quilômetros quadrados de floresta, o que representa aumento de 24 por cento na comparação com o período entre agosto de 2009 e maio de 2010.

     Esse desmatamento, segundo o Imazon, resultou em emissões de 83,9 milhões de toneladas de carbono equivalente, alta de 10 por cento na comparação com o período anterior.

     O novo Código Florestal anistia os desmatadores e permite que o desmatamento seja maior. Ainda não foi aprovado no Senado, mas todos sabem que o Senado, em sua senilidade demente, aprovará, porque, assim como a Câmara Federal, está nas mãos cheias de dinheiro dos defensores da depredação do patrimônio dos brasileiros.

     Mas, mesmo antes de ser aprovado o Código Florestal no Senado e antes de ser sancionado por Dilma, que diz que fará alguns cortes na lei, os desmatadores estão agindo como se o Brasil fosse deles, desmatando a floresta amazônica como nunca dantes tinha sido imaginado.

     Talvez seja. Talvez o Brasil seja deles e nós, o povo, é que imaginamos que as leis existem também para os muito ricos neste país.

     Pura imaginação, engano, desvario de um povo solertemente desviado da sua função de fiscal do seu próprio território; fiscalização que foi entregue a um Congresso comprado e a um governo cúmplice e omisso.

     Ao mesmo tempo, são assassinados aqueles que protestam e o governo apenas assiste, no seu trono, a sucessão de mortes encomendadas pelos desmatadores. Já foram mortos quatro líderes rurais desde o dia 24 de maio, logo após o novo Código Florestal ser aprovado pela Câmara, e mais 125 pessoas estão ameaçadas de morte.

     No dia 24, terça-feira, o casal ativista José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva foram assassinados por dois atiradores em Nova Ipixuna (Pará). De acordo com organizações não governamentais (ONGs), um dos assassinos cortou uma orelha de Cláudio como prova do crime. O caso ocorreu dentro de uma propriedade onde 300 famílias vivem do cultivo. José frequentemente denunciava invasões à reserva e havia afirmado que, por causa de suas denúncias, ele vivia com a ameaça de "uma bala na cabeça a qualquer momento".

     Na sexta-feira, o líder rural Adelino Ramos morreu em Vista Alegre do Abunã (Rondônia). Membro do Movimento Camponês Corumbiara, ele havia denunciado a exploração madeireira ilegal e recebido ameaças. Em um evento em Manaus, em 2010, ele disse à Comissão de Combate à Violência e Conflitos no Campo e ao Ouvidor Agrário Nacional que temia por sua vida e passou detalhes daqueles que o ameaçavam.

     No sábado, 28 de maio, Erenilto Pereira dos Santos, 25 anos, membro da mesma comunidade do casal assassinado no Pará, foi morto. A polícia investiga eventuais relações entre as mortes.

     Os crimes ocorreram enquanto o Poder Legislativo nacional passava por discussões e votações a respeito de mudanças no Código Florestal. Segundo a Anistia Internacional, ONGs locais estão preocupadas que tais mudanças na legislação gerem conflitos no campo, assim como pequenos proprietários rurais e reservas extrativistas recebem pressão de madeireiros ilegais e pecuaristas.

     E o governo nada. Nada faz, apenas lamenta. O mesmo governo que chorou e ainda chora a morte de Chico Mendes, mas gostaria de esconder os cadáveres dos assassinados por culpa do servilismo de um Aldo Rebelo e demais congressistas acovardados ou comprados.

     Um governo que se preocupa muito com a Copa do Mundo, mas permite que o território brasileiro seja devastado e que brasileiros sejam assassinados quando tentam defender a sua terra. E está na Constituição brasileira que o governo tem o dever de defender o seu povo e o território nacional.

     A continuar assim, o que podemos esperar do governo de Dilma Roussef? Apenas reles demagogia e mais devastação e morte. Sangra a floresta e sangra o povo brasileiro.

     Mesmo que a presidente nada saiba do que está acontecendo, ou seja impotente para evitar os desmandos dos grandes empresários, banqueiros e latifundiários, não tem o direito de omitir-se ou de facilitar a opressão e a impunidade. Um governo que age assim é um governo fraco, dominado, perverso em sua embriaguez de poder. Ou é um governo cúmplice.

     Um governo que merece receber a motosserra e a pistola de ouro. Ou deixemos apenas a motosserra de ouro para Dilma Roussef e entreguemos a pistola de ouro para o Congresso Nacional. E o símbolo da impunidade – que poderá ser a máscara de barro da hipocrisia – para o Judiciário.

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