quarta-feira, 27 de julho de 2011

A CRISE DELES E A GERAÇÃO Z


Estamos acostumados em demasia com os filmes norte-americanos, com as manias norte-americanas, com o modo de pensar norte-americano, com os costumes e hábitos dos norte-americanos e com todo o lixo da cultura norte-americana que é jogada sobre nós via governo, multinacionais, fundações pseudo-culturais, ONGs e estamos ficando tão aculturados que o Brasil já assumiu que realmente é uma filial dos Estados Unidos.

     Dia desses passei por um grupo de três jovens, desses que dizem pertencer à “geração Z” e um deles vestia uma camiseta onde estava escrito: “I Love USA”. Aquele que ia ao lado dele vestia uma camiseta onde estava escrito “Yes, We Can” e o terceiro, que vinha um pouco atrás vestia uma camiseta que dizia em português: “Eu Também”.

     O povo brasileiro é o “Eu Também” da História. Acredita em tudo que venha lá do Norte das Américas e, de preferência, que traga um “made in USA”.

     Tenho assistido os noticiários nos canais de televisão que se dizem brasileiros, mas que são todos do tipo “Yes”, porque outros não existem no Brasil, que eu saiba, e todos eles se mostram extremamente preocupados, porque os Estados Unidos poderá “quebrar”. Guido Mantega é entrevistado para dizer que se isso acontecer será muito ruim para todos. Péssimo para a economia mundial. E todos os economistas fazem figa para que tal não aconteça. Façamos figa.

     Como o dólar está desvalorizando, Mantega e seus amigos responsáveis pelos negócios do governo e pelos negócios que não são exatamente do governo, mas que interessam ao governo, tem comprado diariamente milhões de dólares, ou seja, tem gastado bilhões de reais para comprar uma moeda que está apodrecendo artificialmente para garantirem as exportações dos grandes empresários brasileiros. Afinal, temos acordos comerciais com os Estados Unidos, que é nosso parceiro de negócios preferencial desde antes da devassa época do Lula e se eles forem para o brejo devemos acompanhá-los e coaxar juntos.

     São coisas assim que esses noticiários “Yes” noticiam. Que os Estados Unidos poderão ficar insolventes devido à falta de dinheiro para pagarem a dívida pública. A dívida pública: este é o ponto. É por isso que os Republicanos, que representam os grandes investidores e banqueiros norte-americanos pouco estão ligando para a provável crise financeira do seu próprio país.

     Não é com eles. Quem vai pagar o pato é o povo, como sempre. Os aposentados e pensionistas, os trabalhadores de todos os setores, os pequenos investidores que caíram no canto de sereia de que comprar títulos do Tesouro dos Estados Unidos seria um bom negócio, a classe média deslumbrada, que perderá um pouco o seu poder de compra – e comprar é tudo para eles. Tanto que se perguntarem para alguém da classe média norte-americana qual é o seu sonho de consumo, com certeza esse alguém responderá que é consumir o que aparecer. Todos os dias.

     Mas, principalmente aposentados, pensionistas e trabalhadores sofrerão. Assim com está acontecendo na Grécia, na Irlanda, na Itália, na Espanha, em Portugal... O capitalismo, para sobreviver enquanto capitalismo, necessita dessas fases de aparente recessão para “limpar o mercado”. E “limpar o mercado” significa deixar somente os grandes bancos com todo o capital. Para depois voltarem ao crescimento acelerado tão necessário a um verdadeiro país capitalista. Não se preocupem os que amam “Yes”: não haverá perigo de quebrar enquanto houver guerra na África, Oriente Médio e outras frentes de batalha que deverão ser abertas para que a indústria bélica, em todos os seus setores, seja a grande alavanca do progresso.

     Por falar em guerra, um dos principais compradores de títulos do Tesouro norte-americano tem sido a China. A China, que acreditando nas antigas leis de mercado, principalmente na lei de oferta e procura, procura vender os seus produtos mais baratos que os de outros países e conquista mercados por todo o mundo. Inclusive no Brasil, apesar do esforço do governo brasileiro em evitar que o seu povo compre produtos baratos. Afinal, estamos presos comercialmente aos Estados Unidos e à Europa. Temos alguns acordos comerciais com a China, mas somente alguns.

     A crise deles será ótima para eles. Não para o povo deles, que sempre é colocado em último plano, mas para s grandes empresários e banqueiros. Alguns quebrarão, mas somente os mais fracos. Além disso, é a grande chance para os republicanos – aquele partido que realmente manda nos Estados Unidos – mostrarem ao povo ignaro que Obama não é o cara, como se pensava e, assim, evitarem a sua reeleição.

     Aqui, os noticiários do tipo “Yes” – que são todos, que eu saiba – continuarão a falar tristemente da crise norte-americana, teremos entrevistas e mesas-redondas a respeito do palpitante assunto e o povo talvez coloque velas nas janelas e reze para que os Estados Unidos se recupere logo; a presidenta dirá célebres frases e Mantega se mostrará duro para conter a guerra fiscal. E a “geração Z” continuará consumindo os produtos deles e dizendo: “Eu Também”.

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