sábado, 15 de outubro de 2011

DIA GLOBAL DA RAIVA



Da raiva, da indignação, do protesto mundial contra o que eles estão fazendo com as pessoas e a natureza. Grande parte do mundo diz “Não!” neste exato instante em que escrevo. Espero que depois que eu terminar de escrever o grande “Não!” continue, porque não é mais possível continuar assim: destruindo as pessoas e devastando a natureza, com sorrisos e declamações ensaiadas por políticos vendidos.

     Dizer “Não!” não é somente dizer não; também implica em ação. E as pessoas, mundo afora, cansaram de esperar soluções dos seus governos, que, na verdade, são os governos dos bancos, dos empresários, dos latifundiários, dos especuladores. É tudo isso, menos o governo do povo.

     Chamam esse sistema de “democracia” – o sistema onde o povo obedece e, às vezes, vota. É um sistema que se baseia na democracia ateniense, onde os cidadãos tinham poderes iguais. Mas dependiam de escravos e de servos para sobreviverem. É muito fácil exercermos a democracia quando temos escravos e servos.

     No Brasil, tivemos algumas passeatas contra a corrupção. Milhares de pessoas disseram “Não!”, mas depois pararam de dizer não. Talvez por causa da aproximação do final de semana, do que chamaram de “feriadão do Dia das Crianças”, que englobou quinta e sexta em dias marasmentos de um pacato “Sim”. Por enquanto. Aqui as revoluções são feitas por etapas. Feriados e fins de semana são para descansar. “Ai, que preguiça!...” – diz a personagem de Mario de Andrade.

     No resto do mundo os indignados aumentam aos milhões. Estão sendo extorquidos, tosquiados, roubados e resolveram dizer “Não!”.

     Coincidindo com o encontro do grupo dos vinte países mais poderosos e que mais alimentam os seus banqueiros e empresários – o G-20, do qual o Brasil participa, despudoradamente – as manifestações estão ocorrendo em muitos lugares do mundo onde as pessoas pensam, dizem “Não!” e partem para a ação.

     Nova Zelândia, Austrália, Espanha, Itália, França, Taiwan, Japão, Estados Unidos, Alemanha, Grécia, Filipinas, Inglaterra, Portugal... Onde mais?

     Em diversas cidades de cada um desses países.

     Em Roma houve confronto com a polícia. Em Tóquio os japoneses também protestaram contra a política nuclear do seu país. Em Manila, capital das Filipinas, centenas de pessoas protestaram frente à embaixada dos Estados Unidos, segurando cartazes com os dizeres "Abaixo o imperialismo norte-americano" e "As Filipinas não estão à venda". Em Londres, os manifestantes tentaram ocupar edifícios de empresas.

     As pessoas não estão à venda. Ou estão? Você está à venda?

     No Brasil é sábado e as pessoas preparam-se para festas, baladas, shows, bailes funk, futebol, churrasco e programas de auditório.

     Aqui, o nosso governo é aliado do imperialismo norte-americano e pretende impor o seu imperialismo sul-americano.

Um comentário:

  1. Excelente texto! As passeatas contra a corrupção, no Brasil, parece uma brincadeirinha, pois a ação nem existe. E cheira a orquestração. Há tantos "Nãos!" que foram omitidos, todos com igual importância. Concordo plenamente! É nosso povo, aculturado e com mentalidade capitalista que aí está.
    Lidia.

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