quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

CRACOLÂNDIA BRASIL



Triplicaram o número de policiais em São Paulo para tirar das ruas os viciados em crack, acabar com as cracolândias, se possível encaminhar as pessoas que consomem a droga para assistência médica. A imprensa não fala se está sendo feito o mesmo com viciados em outras drogas, e se supõe que não. Porque outras drogas são mais caras e servem a pessoas de classes sociais com melhor poder aquisitivo, que não ficam nas ruas expondo as suas misérias.

     O objetivo é limpar as ruas, as praças, os lugares onde se amontoam os zumbis que a sociedade fabricou, porque é feio, muito feio de se ver grandes grupos de pessoas que não mais raciocinam e mal conseguem falar, morrendo aos poucos em lugares que deveriam ser turísticos, atrapalhando a visão urbanística da cidade, impedindo os comerciantes de abrir as suas lojas e, o que é pior, pessoas que se transformam em bandidos para obter dinheiro para comprar o crack.

     Combate-se o efeito. Não estou ciente de nenhum combate à causa, de nenhuma operação contra os fabricantes da droga e não se pode usar a desculpa de que são fábricas clandestinas em lugares inacessíveis do exterior. Somos bobos, mas não tanto. É óbvio que as fábricas estão localizadas no Brasil e em lugares que, com um pouco de diligência e inteligência, poderiam ser facilmente localizados através dos traficantes – ou de outras maneiras que somente as nossas polícias sabem.

     Ou não sabem, porque nada fazem a respeito. Aliás, nunca fizeram nada a respeito. Nunca combateram a fabricação da droga. Nem tentaram, porque talvez haja interesse em dar aos mais pobres entre os pobres uma droga barata, que os impeça de pensar porque são tratados como drogas.

     E assim é tudo neste Brasil onde temos o governo de uma senhora que se mostra absolutamente incapaz de exercer o cargo de Presidente.

     As conseqüências, os efeitos são combatidos – quando o são – e depois que já se transformaram em desastres e tragédias. Não há qualquer política de prevenção, não se cuida o país e seus habitantes, nada é planejado, tudo é feito em cima da hora e depois que já aconteceu o pior.

     Vejam o que está ocorrendo em Minas Gerais, Rio de Janeiro - em toda a região Sudeste assolada pelas chuvas. É como se não houvesse Governo. Não só a Presidente revela a sua incompetência, como os governadores e prefeitos seguem o seu exemplo.

     E vejam o que ocorre no Sul e Nordeste, com a estiagem prevista de todos os anos desertificando a terra e acabando com as plantações. Sem contar que a desertificação da terra já vem sendo provocada há muito tempo pelos agrotóxicos, desmatamento e plantio de produtos transgênicos.

     E o desmatamento na floresta Amazônica e Mata Atlântica, ação incentivada por este Governo, através dos seus parlamentares que votaram um novo Código Florestal assassino e predatório? É a lei do mais forte e o mais forte é quem ostenta a motosserra como símbolo de poder.

     Essas causas de destruição são promovidas e incentivadas, porque o desejado é o lucro imediato. Este é um governo mercantilista.

     Quando surgirem as conseqüências – ou quando as conseqüências forem ainda mais visíveis –, assim como destruição da biodiversidade, genocídio e etnocídio das nações indígenas, erosão e empobrecimento dos solos, enchente e assoreamento dos rios, diminuição dos índices pluviométricos, elevação das temperaturas, desertificação e proliferação de pragas e doenças, o Governo pensará em fazer alguma coisa, destinará verbas, que serão desviadas, fará reuniões e dirá à imprensa amordaçada belas palavras.

     Ou será que isso já não está acontecendo?

     Não deslizam os morros devido ao desmatamento? Não morrem os rios devido ao assoreamento? Não diminuem os índices pluviométricos devido à falta de vegetação nativa e ao assoreamento dos rios? A erosão e o empobrecimento dos solos não é um efeito dos agrotóxicos e do desmatamento? As nações indígenas não estão sendo massacradas?

     Este é o país da cracolândia, onde os que se consideram muito espertos querem dinheiro na mão, mesmo que seja no meio do vendaval; mesmo que seja à custa da destruição e da devastação.

     A única coisa que se planeja no Brasil é o Carnaval.

Um comentário:

  1. Excelente texto! Muito boas as colocações sobre o que se passa em nosso triste Brasil de hoje. Falou tudo!
    Lidia.

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