segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

O GÁS DO IRÃ


Desta vez não são as jazidas de lítio do Afeganistão ou as reservas de petróleo do Iraque que estão sendo visadas pela OTAN e Estados Unidos, mas o gás do Irã. 

     De acordo com a edição do Pravda, de 24/03/2010, “todas as agências de energia reconhecem que as primeiras fontes do gás natural do futuro estão no Oriente Médio e na Eurásia, incluindo a Rússia.”

     “Dentro do Oriente Médio, o Irã é sem dúvida o principal possuidor de reservas de gás. O seu campo de South Pars é o maior do mundo. Se convertido em barris de petróleo equivalentes, o South Pars do Irã tornaria diminutas as reservas do campo petrolífero de Ghawar, na Arábia Saudita. Este é o maior campo de petróleo do mundo e, desde que entrou em operação em 1948, Ghawar tem sido efetivamente o coração pulsante do mundo para o abastecimento de energia primária. Na era que se aproxima de domínio do gás natural sobre o petróleo, o Irão retirará à Arábia Saudita da condição de principal fornecedor de energia do mundo.”

     Toda essa conversa de defesa do mundo ocidental ou da grande ameaça que representa o Irã ao construir centrais nucleares é somente conversa. Quem desejar armamento nuclear, hoje em dia, basta comprar. É claro que ogivas nucleares não estão à venda nas feiras, mas em um mercado não tão secreto assim. Conforme o jornalista Ernesto Carmona, o diário britânico The Guardian, revelou, em 23 de maio de 2010, como Israel ofereceu a venda de oito ogivas nucleares - em 1975 - ao regime do apartheid. O periódico tornou público um documento secreto sul-africano que tem a assinatura do então Ministro da Defesa israelense, Shimon Peres e de PW Botha, naquela época o seu par sul-africano, que deixaram um registro ultra-secreto de um encontro em Zurique (Suíça).

     Depois do fim da União Soviética, muitas ogivas nucleares passaram a pertencer a países que se tornaram independentes da Rússia, e comenta-se sobre possibilidade de vendas dessas ogivas. Este é um mundo nuclearizado. O grande interesse em atacar e destruir o Irã é o gás.

     Ainda de acordo com o Pravda em língua portuguesa, “há razões sólidas para o gás natural (metano) estar a tornar-se o rei dos combustíveis fósseis. Em primeiro lugar, tem um poder calorífico muito maior do que o petróleo ou o carvão. Ou seja, mais calor produzido por unidade de combustível. Em segundo lugar, é o combustível mais limpo, pois emite 30 por cento menos dióxido de carbono em comparação com o petróleo em comparação com o petróleo e 45 por cento menos em comparação com o carvão. Em terceiro lugar, o gás é mais eficiente para o transporte, tanto como matéria primária forma comprimida ao longo de pipelines enterrados como combustível para veículos.” 

     Além do gás – a principal atração dos mercadores que preparam uma urgente guerra contra o Irã – existem razões geopolíticas e ideológicas. Conquistar o Irã é o mesmo que dominar todo o Oriente Médio e encurralar a Rússia.

     As razões ideológicas dizem respeito à necessidade que o Ocidente tem de combater os países que tem a religião muçulmana ligada ao Estado, porque, geralmente, são países nacionalistas. E o capitalismo pode até saber lidar com países comunistas, mas tem no nacionalismo o seu principal inimigo. Pior ainda, o presidente do Irã – e não somente ele no país persa – nega o holocausto judeu. E isso é considerado um pecado imperdoável.

     Israel, com o auxílio do submisso Estados Unidos, está muito desejoso de atacar o Irã, por todas as razões citadas. Mas os Estados Unidos querem, primeiro, destruir a Síria e, lá no Pacífico, a Coréia do Norte volta e meia ameaça recomeçar a guerra com a Coréia do Sul, o que os deixa confusos em relação a qual guerra deve ser a preferida.

     No entanto, o gás do Irã talvez seja o mais atraente botim.

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