sexta-feira, 25 de abril de 2014

GRÂNDOLA, VILA MORENA




Assim como no Brasil, a revolução portuguesa de 25 de abril de 1974 – na verdade um golpe de Estado das Forças Armadas -, desandou em subserviência dos políticos portugueses à Troika, formada pela Comissão Européia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional (FMI). A famosa Revolução dos Cravos, que tinha como objetivo acabar com o regime de Marcelo Caetano, herdeiro do fascista Salazar, e com as lutas coloniais na África, não foi além disso, caracterizando-se como troca de guarda. 

   E, assim como no Brasil, em 1989, quando uma Constituição foi votada para apaziguar uma geração que confundiu liberdade de expressão com liberdade para consumir - com os generais abrindo passagem para governos civis aliados - Portugal teve o seu momento de euforia e glória naquela madrugada de 25 de abril, quando muitos chegaram a imaginar que, finalmente, a democracia significava realmente o governo do povo.

   Não sabiam os portugueses, não imaginavam os brasileiros que, 40 anos depois (em Portugal) e 25 anos passados da Constituinte no Brasil, o povo continuaria a ser enganado por centrais sindicais aliadas do poder e, quando necessário – no Brasil – cercado e escorraçado por polícia e Forças Armadas em uma clara política de “higienização”.

   Em Portugal, ao menos em Portugal, o povo têm saído às ruas nos últimos anos para protestar contra as péssimas condições de vida e exigir do seu governo menos vassalagem em relação à União Européia e Estados Unidos. No Brasil, alguns movimentos acontecem, muitos deles, objetivando um novo golpe militar e a escancarada volta do fascismo, principalmente devido à incompetência e notória corrupção dos governos civis, de um Congresso que só representa a si mesmo e de um Judiciário demasiado complacente. 

    Aqui, nada se espera, além de uma Copa do Mundo carnavalesca e de algumas manifestações sociais que serão reprimidas com extrema brutalidade, como tem acontecido ultimamente. Lá, talvez porque é um país pequeno, mas de grande coração, e formado por uma nação unida em cultura, história e tradição, ainda é esperada uma verdadeira revolução, desta vez pela verdadeira independência de Portugal.

    Na madrugada de 25 de abril de 1974, o povo saiu às ruas, em Portugal cantando “Grandola, Vila Morena”.

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade.

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade

(Letra e música de Zeca Afonso) 

Um comentário:

  1. Muito boa matéria onde o Blogueiro faz uma comparação à propósito entre Portugal e Brasil.

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