terça-feira, 24 de junho de 2014

FALANDO SÉRIO





Falando sério: isso não é time que se apresente para uma Copa do Mundo. Ninguém me convence que o Hulk é melhor que o Kaká ou que Fred é superior a Ronaldinho, dito Gaúcho. Concordo que as outras seleções também são muito fracas, talvez com a saudável exceção da Holanda, mas ficamos mal acostumados desde a Copa de 1970. Há quem afirme que esta seleção foi ditada pela imprensa especializada para o Felipão, que só anotou os nomes e convocou a gurizada. Também haveria a influência de empresários que desejariam ver o seu produto-jogador valorizado e, na suposição de que a Copa já está ganha, o técnico brasileiro aceitaria opiniões dos mais interessados.

   Tem gente que ainda não sabe quem é quem na seleção brasileira. É uma correria danada, falta qualidade em todos os setores e quando Neymar Júnior dribla um poste e faz um gol a torcida fica tão encantada que é de se imaginar que esses torcedores nunca viram jogar craques de verdade. Estão hipnotizados pela propaganda futebolística.

   Quando o Brasil ganhar – pois a Copa é da FIFA e a FIFA é nossa – imaginem a comoção nacional. Algumas seleções, antevendo esse final apoteótico, preferiram não jogar, como a Inglaterra e a Espanha e, a continuar assim, existe uma boa possibilidade de que a grande final seja entre Brasil e Estados Unidos – único caso em que a vitória brasileira não estará 100% certa, porque é sabido que o Lula é o cara do Obama e a Dilma teve uma grande conversa com o Joe Biden.

    Política de boa vizinhança. Os Estados Unidos estão urgentemente necessitados de uma vitória, mesmo que seja no futebol, depois dos últimos fiascos no Iraque, Afeganistão, Síria e Ucrânia, sem falar que ainda choram pela nunca esquecida Criméia. O Brasil poderia dar uma forcinha, amigo é pra essas coisas. Isso, no caso dos Estados unidos conseguirem também chegar à final, depois de convencerem adversário após adversário. Em troca, além da CIA, que atua com toda a liberdade no nosso(?) território, teríamos a NSA (grande confidente da Dilma) para ajudar a espionar movimentos terroristas como o do Passe Livre e grampear a perigosa subversiva Sininho.

    O único problema é que as eleições estão chegando e a Dilma não está muito segura da óbvia vitória. É preciso ganhar a Copa para garantir o resultado nas urnas. Então, que os Estados Unidos fiquem com o vice-campeonato, que já será uma grande conquista, considerando que eles entendem que futebol é o mesmo que chutar uma bola bicuda em um gol de três metros de altura.

   Para vencer as eleições, os quadros emoldurados do PT já começaram a sua campanha durante a Copa, através da internet. A última palavra de ordem, repetida incansavelmente, é que não somos vira-latas. O que é uma ofensa para os vira-latas, reconhecidamente os cães mais espertos. Eles têm que se virar para conseguir água e comida todos os dias, e isso aumenta a inteligência.

    Sério! Um estudo realizado em universidades da Escócia provou que os vira-latas são mais inteligentes que cachorro com pedigree. Leia em: http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,MUL277019-5603,00-VIRALATAS+SAO+MAIS+INTELIGENTES+QUE+CAES+COM+PEDIGREE.html. Fizeram, inclusive, testes de QI e os cães de pedigree saíram perdendo. E o PT não quer que sejamos vira-latas! Não é um absurdo? Agora que está no poder o PT quer ter pedigree. Talvez até invente um brasão. Se o time do Brasil, apelidado de seleção, não ganhar a Copa do Mundo, apesar de todos os esforços dentro e fora de campo, terá sido pelo complexo de pedigree. A Costa Rica está jogando como vira-lata e vem ganhando.

  Os costa-riquenhos são extremamente inteligentes. Para evitar guerras, extinguiram o seu exército e ficaram sob a proteção do grande irmão do norte. O Brasil está indo nessa direção, ainda mais agora que temos um governo nobre, com pedigree, e, brevemente, brasão. Provavelmente, quando esgotar as opções políticas e futebolísticas, o PT proponha um novo plebiscito para restaurar a monarquia. É certo que já temos o Pelé e a Xuxa, mas eles não durarão eternamente e o Neymar Júnior ainda é muito novinho.

   Neste momento de “Brasil, Ame-o ou Deixe-o”, o futebol é o grande assunto. Fazem-se mesas redondas com ilustres convidados especiais só para se discutir se o gol de impedimento do Fred foi ou não de impedimento; se o fulaninho deve entrar no lugar do beltraninho ou se o Felipão falou feio ou bonito. Assuntos transcendentais. Sabe-se que a prostituição brasileira aumentou imensamente durante o período da Copa, mas isso não é relevante. Também não são importantes os protestos legítimos do povo em suas diversas manifestações. A mentalidade vigente durante a ditadura militar voltou a reinar. Junto com a bola.

    Num desses programas, que tive a paciência de assistir, alguém propôs que, uma vez que os jovens brasileiros não gostam de ler, e livros como os de Machado de Assis e Lima Barreto seriam muito difíceis para essa nova geração, por que não se incentivar a leitura de livros que tratam de futebol? Assim, os jovens brasileiros, começando a ler sobre um assunto tão querido, quem sabe tomariam gosto pela leitura e... E algum dia leriam Lima Barreto ou prefeririam a inércia das futilidades? Quando acabar a Copa, qual a nova droga que será inventada para preencher o vazio de alguns, ou muitos, milhões de cérebros brasileiros?

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