segunda-feira, 29 de setembro de 2014

SEU CHICO E A REPRODUÇÃO




- Mas será cobra ou lagartixa?! 

- O que, seu Chico? 

- Essa coisa dos gueis. Eles ficaram ofendidos porque um dos candidatos à Presidência disse que o tal de aparelho, como é mesmo o nome... excretor, é isso! Pois o qüera disse que o excretor não se reproduz, e eu fiquei aqui pensando... 

- Esse tipo de assunto dá o que pensar, não é seu Chico. 

- Se dá! Veja o senhor que durante muito tempo a ciência acreditou na geração espontânea. Que, de repente a natureza inventava de produzir um bichinho qualquer, lá por modismos dela, e plof! – acontecia espontaneamente. 

- A ciência estava muito atrasada no Ocidente. Era a época da sangria. Por qualquer doença eles sangravam o paciente, e acabavam matando, de tanto sangue que tiravam. Não é pra admirar que também acreditassem na geração espontânea. 

- Por que o senhor diz que aqui no Ocidente é que a ciência estava atrasada? 

- Porque nos países do Oriente o avanço científico era muito grande em relação à Europa. Não só científico, como cultural. Pode-se dizer que a invasão da Península Ibérica pelos mouros – invasão que durou séculos – foi um fator de avanço para a cultura e a ciência, devido às trocas, aos contatos entre europeus e muçulmanos. 

- E agora querem acabar com os muçulmanos. 

- Parece que também é uma espécie de modismo, seu Chico. Até na Turquia, que é um país tradicionalmente muçulmano, as mulheres são obrigadas a tirar os véus no trabalho ou na escola. Véu, não a burka. E elas se revoltam. 

- Mas por que isso, homem de Deus? O que tem de mal uma mulher usar véu? 

- Também não vejo nenhum mal, seu Chico. Mas, pelo que dá pra entender, a intenção é acabar com os símbolos e com a tradição da religião muçulmana. Começa por aí, e depois, se der, vão transformar tanto aquela religião que ela vai sumir. E isso tem provocado muita revolta. 

- E tem que provocar! Então, chega um na tua casa e começa a dizer que o senhor deve se vestir assim ou assado, que os móveis estão no lugar errado, que os seus hábitos devem mudar, e o senhor vai ficar quieto, aceitando tudo? Mas não é de correr a tiro? No mínimo com o relho e, se for meio flaquito, com umas boas palmadas. 

- Agora tem a Lei da Palmada, seu Chico.

- Até nisso o governo se mete na vida das pessoas! Não que eu seja a favor da violência, a boa educação é necessária para se impor respeito, mas olhe que tem uns guris que só com palmada mesmo. É de menino que se torce o pepino. E agora virou crime! É uma pouca vergonha... 

- E são esses guris que depois saem arrombando e assaltando, seu Chico. 

- E por culpa de quem? Do bonzinho do governo que quer voto de tudo que é lado e o que mais faz é iludir essa pobre gente. Iludir e comprar, porque eu imagino o quanto não está indo de dinheiro nessa campanha política... Caminhões, pelo que estou informado. Veja que a dona Dilma vem crescendo nas pesquisas. Por acaso? 

- Mas todos os gastos são declarados e aprovados pelo TSE, seu Chico. 

- Aprovados eu concordo, mas declarados... Não foi a turma do Mensalão que disse que o dinheiro roubado não era roubado, mas fazia parte de uma Caixa 2? E o senhor acha que eles pararam por ali, principalmente agora que sabem que podem roubar e ficar presos só por uns meses e com toda a mordomia? 

- É brabo, seu Chico. 

- Brabo estou ficando eu só de falar nisso. É uma palhaçada! Mas mudando de saco pra mala, ou voltando ao velho saco de viagem: será que não é possível? 

- Não entendi, seu Chico. 

- Aquilo do aparelho excretor. Olhe que desde a Idade Média, quando os médicos faziam sangria e acabaram aprendendo um pouco de medicina com os árabes, a ciência avançou bastante. E como avançou! 

- Mas seu Chico, é impossível! 

- O senhor há de convir que ninguém fica brigando porque um outro disse que o aparelho excretor não se reproduz. Aí tem coisa. Talvez um segredo muito bem guardado... 

- Seu Chico, é por causa da homofobia! 

- Ah, pois é... Mas me parece mais uma desculpa. E se se reproduzir? É uma de guei pra cá e guei pra lá, que não duvido nada. Diz-que até em Israel tem soldado guei e eu fico imaginando na hora da batalha: “Ai, um palestino! “Que barbas!” E até tem rabino assumido, contra a lei de Deus, mas rabino é rabino, e olhe só o nome: rabino. 

- Não é só em Israel, seu Chico. 

- Me disseram que foi lá que começou a se expandir a onda guei. E o que me espanta é que de uns tempos pra cá a coisa pegou como uma epidemia. Por isso que eu fico me perguntando: será que não tem um segredo muito secreto nisso tudo? E quando o sujeito disse que aparelho excretor não se reproduz e todos reclamaram, eu pensei: é isso! 

- Seu Chico! 

- Olhe!...

domingo, 28 de setembro de 2014

AS PESQUISAS E AS URNAS




Não há esquerda nestas eleições. Ou por outra, há uma esquerda apagada, sem espaço para divulgar as suas idéias e os seus programas - representada por partidos como PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), PCB (Partido Comunista Brasileiro), PCO (Partido da Causa Operária) e, talvez, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade). Entre esses partidos existem pequenas divergências de linha doutrinária e, curiosamente, mesmo sabendo que as eleições são uma farsa criada para legitimar a nossa fraudada democracia, fazem questão de corroborá-la ao lançar os seus próprios candidatos. Talvez para que suas siglas se tornem conhecidas do grande e alienado público, mas o público alienado, mesmo sendo grande, não pensa, não raciocina e é facilmente manipulável. O mais correto para a verdadeira esquerda seria a união e, se a união é impossível no momento, a não participação em eleições com cartas marcadas deveria ser a opção mais saudável.

   Enquanto isto, o PT segue esbravejando que é de esquerda, Dilma e seus seguidores vestem-se de vermelho passando para a grande multidão dos amestrados que ser de esquerda é uma questão de aparência. Ou uma questão moral. No segundo caso, o PT é o partido menos indicado a falar de moral ou de ética, perdeu-se no lamaçal de contínuas corrupções e não sabe viver sem o vício cotidiano. No primeiro caso, as vestes vermelhas poderão iludir, este é o país do carnaval e muita gente gosta de votar em palhaços, malabaristas e outras atrações do circo chamado Brasil.

   E existe uma direita extremamente burra. Como toda direita, tende a ser reacionária, ou seja, a reagir automaticamente contra toda e qualquer mudança, mesmo as mais superficiais, como as promovidas pelo governo do PT com o intuito de chamar para o seu bloco de sujos as minorias até então discriminadas. A isso a direita chama de “comunismo”, revelando a sua incapacidade de raciocinar coerentemente sobre política, e nessa reação usa do maniqueísmo mais primário e não apresenta propostas progressistas, porque tende a ser estanque como um poço de águas paradas que deseja eleger-se para o status de rio, desde que todos os rios se transformem em poços.

    É essa direita retrógrada que faz do PT um partido de “esquerda”, ainda que o PT – e seus aliados do momento – faça uma política contra a reforma agrária, alie-se ao agronegócio das grandes empresas latifundiárias que devastam nossos campos e florestas, faça coligações espúrias com políticos que detêm votos a cabresto, como Maluf e Sarney, discrimine e criminalize a pobreza, pauperize o ensino e destrua a língua portuguesa, una-se às grandes empresas nacionais e internacionais, promova a privatização, entregando as nossas riquezas, atue no campo internacional apoiando descaradamente Estados Unidos e aliados – em ações como a invasão do Haiti e o cerco do Líbano -, consinta em deixar o Brasil como eterno país dependente de tecnologia, limitando-se às exportações e sinta-se confortável com o crescente aumento de analfabetos funcionais, fonte dos seus milhões de votos.

    A essas ações petistas a direita estagnada chama de “comunismo”. E tenta fazer com que militares enraivecidos e com mentalidade medieval partam para um golpe de força caso o PT não perca as eleições. O que seria um ato de covardia e desvendaria ainda mais a comédia da democracia consentida. Dificilmente acontecerá, porque o PT é o grande aliado da direita. Qual a diferença entre PT e PSDB? As siglas. Os dois partidos são a favor da privatização, promovem o neoliberalismo, aceitam a globalização impingida pelos meios de comunicação a serviço dos Estados Unidos, propõem mudanças cosméticas e são absolutamente contra o nacionalismo. O PT foi criado para promover o sonambulismo nacional, e está cumprindo a sua missão. Foi além, desejou mais do que o salário prometido e descobriu pântanos muito particulares. Mas é o partido ideal dos latifundiários e empresários de todos os setores. O partido capitalista por excelência. Golpear o PT é o mesmo que golpear o capitalismo em seu momento triunfal, quando se disfarça de vermelho e faz alegres passeatas ululantes.

     Resta o quê? A Marina? Quem é a Marina? O que é a Marina? Não é de esquerda, por que deriva do PT, mas demonstra sensibilidade e discernimento. Ao mesmo tempo, ingenuidade quando acena para políticos de todas as facções para formar o governo com os “melhores”, caso seja eleita. O que são “os melhores”? Os tecnocratas ou os menos corruptos? É acusada de ser evangélica - o que antes é um elogio do que uma acusação. Desconfio da mentalidade destrutiva dos ateus. As pessoas espiritualizadas defendem valores morais e são menos propensas a qualquer tipo de corrupção. Além disso, Marina é ambientalista, e não se pode dizer o mesmo de Aécio ou de Dilma - tão orgulhosa das suas predadoras usinas, notadamente a de Belo Monte.

    A princípio, Marina seria uma opção de pureza, quase uma ilha em meio a um oceano político depravado por perversões, em plena decomposição moral.

   De início, quando Marina foi lançada como candidata à presidência, logo após o suposto acidente que vitimou Eduardo Campos, a “oposição” se eriçou. Aécio não decolava, sequer chegava perto do aeroporto, e tratava-se de derrubar o PT. Para isso, servia qualquer um, inclusive Marina. Quem sabe ela poderia ser usada... Foi só no início. Naquele momento, as pesquisas a elevaram ao topo. Não confio em pesquisas, assim como não confio em urnas eletrônicas: ambas são passíveis de fraudes. As pesquisas manipulam a opinião pública; as urnas eletrônicas podem ser programadas, e delas não se pode pedir a recontagem dos votos.

    Depois, alguma coisa aconteceu, e não foram os discursos ufanistas da Dilma. Curiosamente, até o Aécio passou a hostilizar a Marina, refletindo o pensamento do PSDB, que é a outra face do PT. Ambos – PT e PSDB – sentiram medo de uma desconhecida terceira força, com a qual talvez não possam negociar cargos, conforme estão acostumados.

    Então as pesquisas mudaram. Se o Aécio não pode ganhar, que vença a Dilma - vaticinaram os áugures da “oposição”. E esse pensamento levou as pesquisas a revelarem um súbito desejo dos brasileiros de reeleger a Dilma. “Esta nós já conhecemos” – dizem entre si os amigos opositores. Quanto à Marina... Quem é a Marina? O que é a Marina? Dilma subiu nas pesquisas junto com o dólar, favorecendo as exportações. A política é um grande negócio, quem dá mais?

    Na ausência de esquerda, devido à repressão ao discurso ideológico, a direita esclarecida optou pela Dilma. Provavelmente, se houver segundo turno, grande parte dos votos do Aécio irá para o PT, apesar de todas as conhecidas (e as ainda desconhecidas) corrupções envolvendo setores do governo. A “oposição” sempre receberá a sua fatia. O que não se consente é a existência de uma esquerda de verdade no Brasil. Mais uma vez, estas eleições serão decididas entre a centro-direita e a direita. As pesquisas e as urnas se encarregarão do resultado.

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

“UMA NOVA PARTIDA PREJUDICARIA O SANTOS”



("Como a aurora precursora...")


O Grêmio apelou para o Pleno do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a decisão que eliminou o clube devido a atos racistas de cinco torcedores contra o goleiro Aranha, do Santos, na primeira partida contra o clube paulista pela Copa do Brasil de 2014.

   Depois de ouvida a acusação pífia do advogado da entidade, que argumentou que Grêmio e torcida são uma coisa só, não entendendo que cinco torcedores não fazem uma torcida de milhões de pessoas e que uma instituição esportiva é formada por seus associados e não, obrigatoriamente, por seus torcedores; e depois de ouvir a defesa gremista, que tentou ser cordata e simpática aos auditores que julgaram o caso, evitando o embate e lembrando de casos semelhantes ocorridos com outros clubes que somente receberam multas, os auditores passaram à votação.

   Paulo César Filho votou a favor da perda de três pontos do Grêmio e não da sua exclusão da competição, esquecendo de dizer que a perda de três pontos acarreta na exclusão imediata. Acrescentou uma frase que ficará na história do futebol: “Uma nova partida prejudicaria o Santos”.

   Ronaldo Piacenti seguiu o voto de Paulo César Filho, excluindo o Grêmio da Copa do Brasil, através da perda de três pontos. Flávio Zveiter disse que “É fato que houve injúria racial por arte da torcida do Grêmio” – outra pérola “jurídica”. Ele entende que cinco torcedores é parte representativa da torcida do Grêmio. Disse ainda que o Grêmio não tomou a atitude de repreender ou tirar os torcedores do estádio. Detalhe importante: a partida estava terminando e os torcedores vaiaram o goleiro Aranha porque estava fazendo “cera”. Uma observação injusta e extemporânea do senhor Zveiter.

   José Arruda Silveira Filho acompanhou o voto do relator. Portanto, ele concorda que “Uma nova partida prejudicaria o Santos”. Também votara a favor do ganho de pontos pelo Santos sem jogar com o Grêmio os auditores Gabriel Marciliano e Décio Neuhaus. Somente Caio Rocha, tomado por súbito sentimento de justiça votou pela perda de um ponto do Grêmio. Talvez por pudor os auditores Miguel Cançado e Alexander Macedo não compareceram ao julgamento. Já deveriam saber do resultado.

   Um julgamento claramente tendencioso. Seria absolutamente diferente se o clube julgado fosse o Corinthians, Flamengo, São Paulo, Fluminense... ou Santos.

   O Grêmio foi muito ingênuo em confiar na justiça futebolística, principalmente em se tratando de um clube gaúcho constantemente hostilizado pela imprensa do Rio e de São Paulo. Qual a porcentagem equivalente a cinco torcedores em relação à metade da população do Rio Grande do Sul? Essa metade foi insultada pelo Pleno do STJD e continuará a ser assim enquanto os clubes gaúchos – e não só os de futebol – não assimilarem definitivamente que nós, gaúchos, somos uma nação com usos, hábitos, costumes e cultura totalmente diferentes do restante da população da República Federativa do Brasil (que, de Federativa tem muito pouco, ou quase nada). E isso não é perdoado pelo centro do poder. Sempre que eles tiverem uma oportunidade – como agora – de espezinhar o povo gaúcho, o farão.

   Convém sempre lembrar, em tempos de memória da epopéia Farroupilha, que aquela guerra não terminou, foi adiada. Não houve a capitulação do exército gaúcho, mas um armistício provocado por traições e que traz como conseqüências, até hoje, a discriminação da nação gaúcha em relação ao restante do Brasil. Mais próximos a nós estão os uruguaios e argentinos. Infelizmente, ainda há traidores em todos os setores da vida gaúcha. Os próprios festejos farroupilhas transformaram-se em recorrentes desfiles saudosistas, mas a chama crioula não se apaga nos corações dos verdadeiros gaúchos.

   Se eles querem taças e campeonatos e tudo fazem para consegui-los, nós temos a honra a resguardar. E isso ninguém nos tira.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

DILMA QUER UMA IMPRENSA PASSIVA E ROBÓTICA





“Segundo O Globo, Dilma pediu ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acesso ao depoimento de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, que foi publicado pela Veja. A Presidente, porém, teve o pedido negado.”
"Quero ser informada se no governo tem alguém envolvido. Não tenho porque dizer que tem alguém envolvido, porque não reconheço na revista Veja e nem em nenhum órgão de imprensa o status que tem a Polícia Federal, o Ministério Público e o Supremo [Tribunal Federal]. Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é correta. Não prejulgo, mas também não faço outra coisa: não comprometo prova" (http://oglobo.globo.com/brasil/).

   Se Dilma perder a eleição será por absoluta incompetência. Acredito, no entanto, que ainda existam no PT pessoas inteligentes com capacidade para minimizar todas as bobagens que a presidente tem dito ao longo desses quatro anos e, notoriamente, neste período de eleições. O melhor que essas pessoas poderiam fazer é aconselhá-la a não falar, ou falar o menos possível sobre qualquer assunto, mesmo os que ela pensa entender. Ela deveria restringir-se a ler as mensagens políticas na propaganda eleitoral gratuita e tentar decorar o que os assessores lhe passarem durante os debates. Assim, correrá um menor risco de ser derrotada por si mesma. Não que esses assessores conheçam a perfeita estratégia de um debate. Qualquer um que não seja especialista em marketing político percebe que fazer perguntas aos principais adversários equivale a dar o direito de tréplica e de ser contraditado e desmentido.

   Ao contrário do que desejaria a presidente, uma das principais funções da imprensa é o jornalismo investigativo. A imprensa livre é o único apoio que o povo tem contra o poder avassalador do Estado, das corporações, dos cartéis, das confrarias, das congregações, das associações, das companhias, das sociedades secretas – sejam elas discretas ou indiscretas. Aliás, sociedades secretas em um país democrático é uma contradição que supõe elitismo e segredos nada democráticos restritos aos escolhidos. Mas o que fazer? – a nossa democracia também é restrita.

   E deveria ser mais limitada, reservada, privada, fechada, retraída, segunda a Dilma. Para a presidente, jornalistas deveriam agir como robôs, limitando-se a repassar informações já filtradas por agências de notícias sempre ligadas a grupos de poder e seus interesses políticos. Segundo deu para entender da declaração desastrosa de Dilma Roussef, que deveria ter um mínimo de cultura e não seguir as analfabetas pegadas do Lula, o jornalismo deveria prescindir da reportagem, os jornalistas não poderiam buscar informações, ou seja, jornalistas de verdade precisariam esquecer a busca da verdade, e as “verdades” ficariam sob competência da Polícia Federal que, obviamente, é do Governo. E o Governo é de quem? Do seu partido e base aliada.

    Democracia não é isso. Se a revista Veja conseguiu um furo de reportagem ao divulgar as declarações de corruptos que se vendem por delação premiada, parabéns a ela e pêsames para os demais órgãos de informação que não o fizeram.  

    Jornalismo investigativo é muito raro atualmente. Em primeiro lugar, porque jornalista ganha muito pouco. É um assalariado com funções específicas que, muitas vezes, trabalha 12 horas por dia, senão mais. Raros são os que ganham mais que quatro salários mínimos. Em segundo lugar, porque não há interesse das grandes empresas jornalísticas em fazer jornalismo de verdade. Essas empresas manejam as informações de acordo com seus interesses políticos e econômicos. Ao contrário do que se pensa, não existe imprensa livre. Pelo menos no Brasil. Os jornalistas são obrigados a divulgar aquilo que os patrões mandam e colunistas mais ou menos sérios, engraçados, satíricos, mordazes, ou simplesmente passivos e contempladores, devem refletir a opinião dos patrões, ou serão despedidos. 

    É claro que a revista Veja conseguiu aquele furo de reportagem devido aos interesses políticos dos seus donos. Caso contrário, a exemplo de outros veículos de comunicação, nada teria feito. Mas buscar a notícia e revelar informações que seriam “confidenciais” e às quais a população não teria acesso se não fosse a ação da imprensa é um ato democrático. Se for mentira, que outros veículos de informação contrários provem que é uma falsa notícia. 

    Cercear a informação é fascismo. Com a declaração acima, Dilma conseguiu insultar milhares de jornalistas, e ofendeu a inteligência de milhões de brasileiros.
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