segunda-feira, 13 de abril de 2015

GALEANO




Tentaram desacreditar a sua obra quando ele disse, na 2ª Bienal do Livro e da Leitura, em São Paulo, que não escreveria o livro “Veias Abertas da América Latina” da mesma maneira que escreveu quando tinha 18 anos. Acrescentou que a realidade é bem mais complexa. Estava amadurecido e sabia que a maldade pode ser ingênua – como um menino a chorar sobre o corpo exangue de um passarinho que matou por brincadeira – mas a iniqüidade dos donos do mundo necessita de um grau muito alto de sofisticada impiedade.

   O que Estados Unidos, Inglaterra e aliados fizeram e estão fazendo na América Latina e demais países por eles subjugados não é uma brincadeira de meninos maus e inconseqüentes. Requer preparação, planejamento e extrema crueldade. Relaciona-se, também, com o conceito de amoralidade, com a relativização dos valores que leva à degradação interna e permite todas as perversidades.

   Não é somente o imperialismo pelo imperialismo, a necessidade sôfrega de dominar e de lucrar com esse domínio. Esta é a aparência, a roupagem, a máscara. Há mais. O que fazem os líderes desses países e pessoas a eles ligadas que pertencem às elites dos povos explorados somente poderá ser traduzido como total entrega ao Mal, à matéria.  

   A selvageria e bestialidade em suas ações não encontram similar na história da humanidade. Para alcançar os seus desígnios não só destroem fisicamente as nações que desejam vampirizar, assim como o restante da natureza, como utilizam técnicas de massificação que transformam as pessoas em seres individualistas, maldosos e absolutamente egocêntricos. 

    Eduardo Galeano escreveu mais de 40 livros, entre obras de ficção, como “Vagamundo”, e de desmascaramento da história oficial, como “O Livro dos Abraços”, “Memórias do Fogo” e “Veias Abertas da América Latina”. Era uruguaio, tinha 74 anos e colaborava com diversos jornais e revistas do mundo inteiro. Deixou uma imensa lacuna.

Um comentário:

  1. Um escritor dos mais lutadores que já conheci. A denúncia contra a crueldade dos povos imperialistas foi a tônica de sua vida. Sinto muitíssimo. Parabéns, Blogueiro, pela matéria!

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