SARTORI, O BOM

Sartori é apoiado na Assembléia Legislativa por uma base governista com 60% dos deputados – 33 entre 55. Além de deputados do seu partido (PMDB), conta com o apoio do PDT, PP, PSDB, PSB, PSD, PPS e PV. Uma verdadeira mixórdia política. Em assembléias assim é que se vê quem é quem: PDT, que se diz da II Internacional Socialista (a Internacional reformista que defende o capitalismo), PPS, que seria uma fratura direitista (ainda mais direitista) do PCdoB e PSB, que é nominalmente socialista, aliados a partidos corruptos e golpistas como PSDB, PP e PMDB. 

   Um dos primeiros atos de Sartori, no dia 19 de janeiro, foi sancionar a lei de aumento de salários do governador, do vice, dos deputados e do judiciário. Diante de repercussão negativa, Sartori congelou o seu salário e o do seu vice, e continuou recebendo somente R$17.347. Os seus secretários, no entanto, passaram a receber dezenove mil. Quanto aos deputados, estes recebem mais de vinte e cinco mil reais por mês, mais ajuda de custo, abonos salariais, etc.

O Privilegiado Judiciário

   Um oficial de justiça no Rio Grande do Sul, de acordo com o site “Guia de Carreira” (http://www.guiadacarreira.com.br/carreira/quanto-ganha-um-oficial-de-justica/) pode ganhar mais de R$20.000 por mês de salário bruto, incluindo todos aqueles adicionais. Imagine-se o que deve ganhar um juiz ou um desembargador. 

    Para os desembargadores, além do salário oficial, os adicionais, também apelidados de “penduricalhos”, elevam o salário às nuvens. Abono-família, auxílio-refeição, auxílio-condução, auxílio-transporte, auxílio-creche, auxílio-transporte judicial, abono de 1/3 de férias (duas vezes por ano), gratificação natalina, serviço extraordinário, pagamentos por substituição (em comarcas, varas ou câmaras), gratificações e pagamentos retroativos, devolução de valores tributários e/ou contribuições previdenciárias indevidamente recolhidas, bolsa de estudo com caráter remuneratório e abono de permanência em serviço. (http://www.espacovital.com.br/publicacao-29584-supremo-manda-tjrs-divulgar-salarios-desembargadores-juizes-e-servidores). 

    Talvez pela sua riqueza e influência, os servidores do Judiciário são uma casta à parte. Para eles não há qualquer desconto ou parcelamento de salários. São servidores especiais, mandam e não pedem; é deles o poder das leis e das sentenças. Estão tão distantes dos demais servidores e do povo subempregado, ou desempregado, que se acostumaram a olhar de cima a população. Para eles não existe crise, recessão, inflação. No Brasil, o salário dos servidores do Judiciário é o exemplo mais clássico do capitalismo selvagem e discriminatório. 

Sartori é contra o consumismo

   Diante do arrocho salarial imposto aos servidores do magistério e servidores das polícias gaúchas, que passaram a receber os seus parcos salários parceladamente, muitos passaram a chamar o governador de louco, pirado e outros nomes feios. Provavelmente não sabem que Sartori pertence à turma do “quanto pior, melhor”, é muito amigo de todos os cunhas, orientado pelo Joaquim Levy e não se descarta a possibilidade de ser irmão maçônico do todo-poderoso Sérgio Moro, o poderoso ditador. 

   Obediente, Sartori cumpre uma missão, que consiste em transformar o Rio Grande do Sul em massa falida pronta para ser abocanhada pelas multinacionais. Privatizar tudo é o objetivo final. Para isso é necessário criar o caos. A teoria do caos, também chamada de “crise”, está sendo muito bem utilizada na prática por Joaquim Levy para quebrar o Brasil e entregá-lo às oligarquias financeiras internacionais. Com o aval da bestificada Dilma, que se transformará brevemente na Dama do Apocalipse brasileiro. 

    Com a greve dos professores, que não durará muito tempo porque o CPERS é muito, mas muito fraco e os professores e demais servidores do estado precisam muito, mas muito de cada centavo dos seus salários e acabarão por aceitar a extorsão, a chantagem ou que outro nome tenha este momento de roubo descarado dos direitos trabalhistas, a educação não mudou grande coisa. Os alunos continuam fumando maconha nas salas de aula, ofendendo os professores sempre que recebem nota baixa e brincando de estudar. Dizem por aí que também precisamos de burros de carga, de soldados imbecilizados e de menininhas prostitutas. Mas não tanto. 

   Principalmente as famílias de bens estão muito preocupadas com a greve dos policiais. No entanto, pelo que se sabe até agora, o número de assaltos e de outros crimes não aumentou nem diminuiu – o que não é grande surpresa. Há os que afirmam que Sartori é contra a violência policial e cortar os salários das polícias seria uma maneira de evitar que policiais agridam honestos criminosos. 

    Os que ainda defendem Sartori dizem que ele parcelou os salários porque é contra o consumismo. Os servidores estariam gastando muito com a compra de gêneros necessários para a sobrevivência, e isso pode ser considerado consumismo, porque não convém ao estado que os seus servidores sobrevivam durante muito tempo, onerando os cofres públicos dos bancos privados ou privatizáveis. 

Sartori quer o bem comum.  

    Sartori é bom. Sartori quer salvar o Banrisul e, com esse intento, parcela os salários dos servidores para que estes peçam empréstimos ao Banco do Estado do Rio Grande do Sul. Vejam que pessoa boa: ele quer salvar as nossas instituições – dizem os seus defensores. Ou entregá-las de vez ao capital estrangeiro. Sartori quer o bem comum. O bem comum a determinadas casas bancárias, que engordarão ainda mais com a quebra do Rio Grande e comprarão barato o estado falido. 

    Depois disso tudo ainda dizem que o Sartori é golpista. Que é isso, gente? Só porque pertence ao PMDB e a outras associações não exatamente nacionalistas? A culpa não é só dele. Observem que a influência do meio, o DNA e outros fatores que não lembro agora muitas vezes são determinantes para que uma pessoa haja de uma ou de outra maneira. Quem sabe ele está só obedecendo a determinações secretas que transcendem a sua vontade? Uma obediência transcendente, e não muito gaúcha, com certeza.