domingo, 15 de novembro de 2015

ATENTADOS EM PARIS PREPARAM A INVASÃO DA SÍRIA




Das duas uma: ou a polícia francesa é completamente incompetente e os seus serviços de inteligência são formados por pessoas apalermadas, ou alguém facilitou a ação dos sete atentados coordenados na noite de sexta-feira, 13 de novembro, em Paris. A primeira hipótese não é absolutamente impossível, mas altamente improvável. A França é um dos países mais vigiados do mundo e Paris, que atrai milhares de turistas a cada ano, deveria ser a cidade mais protegida do planeta. A segunda possibilidade revela-se, então, como a mais provável. Os atentados, por mais cuidadoso que tenha sido o seu planejamento, foram facilitados por interesses políticos que envolvem lideranças da própria França, Estados Unidos, Grã-Bretanha e demais países da União Européia e da OTAN. Caso contrário, se foi uma pane geral dos serviços de segurança franceses pode-se dizer da França o que Charles de Gaulle disse do Brasil: a França não é um país sério. 
   Trinta mil policiais foram destacados para garantir a segurança das fronteiras da França durante os preparativos e a realização da Conferência sobre o Clima da ONU (COP-21), que seria realizada entre os dias 29 de novembro e 12 de dezembro. O controle móvel das fronteiras iniciou no dia 13 – exatamente o dia dos atentados. O governo francês não pode, portanto, argumentar que as suas fronteiras não estavam sendo patrulhadas e que os terroristas teriam vindo de fora do país. Mesmo assim, terroristas armados circularam livremente em Paris, jogando bombas e assassinando pessoas inocentes com tiros de metralhadora e a polícia e o serviço secreto franceses nada fizeram. 
   Apesar das centenas de câmeras instaladas na capital francesa, apesar do policiamento, dos serviços de vigilância e dos serviços supostamente secretos, os terroristas agiram como se estivessem em casa. E não usavam armas escondidas, mas fuzis AK-47 e bombas. E nada foi detectado. Só muito depois de começarem os assassinatos no Bataclan é que a polícia francesa se dispôs a entrar na sala de espetáculo. 129 pessoas morreram na hora e mais de 300 ficaram feridos, muitos em estado grave, mas políticos envolvidos em tramas globais não se importam com o povo. Para eles, o fim justifica os meios. 
   E os meios empregados têm como fim provocar uma guerra contra o governo sírio e a Rússia. No dia 9 de novembro a aviação francesa resolveu bombardear o que afirmou ser um complexo petrolífero do Estado Islâmico na Síria. Foi o terceiro bombardeio francês em 2015, e com o mesmo objetivo: destruir a infra-estrutura econômica da Síria. Foi o que disse o governo sírio, ao salientar que os franceses não foram convidados a invadir o espaço aéreo sírio, somente os aliados russos têm esse direito. Anteriormente, a 5 de novembro, a França anunciou que enviará uma frota encabeçada pelo porta-aviões Charles de Gaulle para “lutar contra o Estado Islâmico” na Síria.  
   Contradição ou mentira. No dia 21 de agosto de 2014, o presidente da França, François Hollande, em entrevista ao jornal Le Monde, admitiu que o seu país entrega armamentos aos grupos terroristas que tentam derrubar o governo sírio. Salientou que as armas e munições são destinadas apenas aos “grupos moderados”. Mas não existem grupos moderados no terrorismo, ou, talvez, Hollande considere a Frente al-Nusra, aliada da al-Qaeda e do Estado Islâmico, um “grupo moderado”. Em 2012, François Hollande declarou textualmente: “A al-Nusra faz um bom trabalho na Síria”. 
   Sabe-se com certeza que a coalizão liderada pelos Estados Unidos e que tem na França um dos seus mais fiéis vassalos, finge atacar o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, quando, na verdade, o patrocina com armamentos e dinheiro. A idéia inicial era provocar o caos nos dois países mais estratégicos do Oriente Médio – Síria e Iraque -, conseguir da ONU uma declaração de vazio de poder naqueles países – assim como fizeram na Líbia -, invadi-los e colocar governantes fantoches – talvez do próprio Estado Islâmico ou da al-Nusra. Não somente pelo petróleo e pelo gás. Principalmente pela posição estratégica que permitiria cercar o Irã e ameaçar a Rússia. 
   O plano estava indo muito bem até o momento em que a Rússia reagiu. A pedido do governo sírio, a Rússia reativou a sua base aérea em Tartus e participa ativamente do combate aos terroristas financiados pelo Ocidente. Em pouco mais de um mês a aviação russa já destruiu mais de 2.000 instalações do Estado Islâmico e da Frente al-Nusra na Síria. A coalizão liderada pelos Estados Unidos ficou completamente desmoralizada. Os planos do império, habilmente arquitetados durante vários anos começaram a ruir. Tornaram-se inúteis as ameaças aos russos – Putin declarou que a Rússia não se deixaria intimidar. 
   Em última instância, o império apelou para as armas mais à mão: os seus terroristas amestrados. Primeiro derrubaram um avião de passageiros, matando quase 250 cidadãos russos. Pretendiam provocar uma comoção na nação russa, com multidões pedindo o fim da intervenção na Síria. Não adiantou. O governo russo tem o apoio de 85% da sua nação, as forças armadas são incorruptíveis, o Congresso é um aliado. Fazer o quê? Uma declaração de guerra? A Rússia possui armas nucleares capazes de destruir os Estados Unidos em menos de meia hora, e a Europa em alguns minutos. A Rússia também seria destruída e ambos os lados, em confronto nada sutil, sabem que em uma guerra nuclear nunca haverá vencedores. 
   Então, o plano “B”. Se o 11 de setembro de 2001 provocou o impacto esperado para que a opinião pública estadunidense apoiasse a invasão do Afeganistão e do Iraque, porque não usar da mesma estratégia na França? Até então, qualquer intervenção militar mais séria na Síria equivaleria a uma declaração de guerra não só à Síria como à Rússia. Agora, com os atentados em Paris, a guerra já está declarada.  Sob o pretexto de combater o Estado Islâmico, a França e aliados como Estados Unidos e demais países da OTAN pretendem não só atacar a Síria – com ou sem o aval da ONU -, derrubar o governo e fatiar o país árabe de acordo com os interesses dos aliados regionais, como Arábia Saudita, Israel, Jordânia, Qatar e Turquia. 
   O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, já está preparando o caminho. No dia 14, afirmou à imprensa que a Síria compra o petróleo que o Estado Islâmico rouba da própria Síria. Acredita John Kerry que os povos do mundo inteiro são iguais à mass-media alienada dos Estados Unidos: absolutamente idiotas. Por que o governo sírio compraria petróleo do seu próprio país para financiar a sua própria queda? Na verdade, quem deve estar comprando o petróleo roubado pelo Estado Islâmico são os países aliados dos Estados Unidos, como Turquia, Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita. Em troca, financiam o Estado Islâmico. 
   Prepara-se a guerra com razões espúrias e pífias, como sempre acontece nessas ocasiões. Resta saber o que fará a Rússia, que só terá duas opções: reagir ou fugir vergonhosamente. Há, ainda, uma terceira possibilidade, que seria a Rússia aliar-se aos poderes do Ocidente, ao império e contribuir para a divisão da Síria, após ajudar a dar um golpe muito pacífico no governo sírio. Nos dois últimos casos, seria a Rússia a ficar totalmente desmoralizada aos olhos do mundo, perdendo completamente a confiança de países como Irã e Bielo-Rússia, que ficariam entregues à própria sorte. No entanto, há indícios de que a Rússia ainda tem dignidade.

Um comentário:

  1. Boa tarde, Fausto.
    Somente agora tomei conhecimento deste seu Blog, através da Lidia. Gostei muito da presente postagem e penso que você foi certeiro em seu raciocínio. Aproveito para concluir com suas próprias palavras: "Agora, com os atentados em Paris, a guerra já está declarada.".
    Um grande abraço, Fausto!

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