sábado, 16 de abril de 2016

PREPARAÇÃO PARA A GUERRA




Meu boné
Minha lança minha espada
Minha ânsia minha amada
Meu chulé de pós-noitada
Isto é
Cada passo desta dança malmequer
Me requer deixando rastros meus pedaços
Estilhaços de criar e de colher

Esta fogueira
Insinuante como só total mulher
Me acolhe e recolhe em linguardente
Eu vidente a faço companheira
Do poder
Que se acende e me maneia
Me desperta e negaceia
Seu dizer

Pela alva
Virão céleres guerreiros
Uma salva
Todos tornam-se herdeiros
Desta palma
Deste ramo de loureiro
Mesma alma
Mesma morte companheira

Amada,
Segura o meu farnel, dá-me teus lábios;
Cuidado com o fuzil ao me beijar.
Afasta o embornal, sejamos sábios,
Sócios neste último afagar.
O céu já foi anil, é estocada;
O tempo é temporal no meu cantil.
Se amar, Amada, me faz assim febril,
Não sei se é ser demente desejar
Tua emboscada.

Emboscado
A olhar o anel de teus cabelos
Teus púbios pelos
Meu silêncio de sátiro-voyeur
Dilacerado
Teu claro apelo ao se saber mulher
Tão sussurrado
Tua boca de mel que me requer
Dentro, guardado.

Cauim
Atabaque na terreira
O meu sonho de madeira
Queima em mim
Totemizo
Cristalizo cada veia
Que me resta
O suor tinge na testa
Eu Caim

Um comentário:

  1. Lindíssimo poema! Onde estava que não o conhecia? Tira os poemas da gaveta Blogueiro!

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