segunda-feira, 14 de novembro de 2016

TRUMPT-DUMPT




Desde que a Globo, a Reuters, a CNN e o New York Times disseram que Trump é mau, muito mau, todos passaram a criticar o coitado do bilionário. Fala-se em impeachment antecipado, advogam-se golpes de Estado e há quem proponha a solução mais simples e muito comum naquele país do norte das Américas: o assassinato. Afinal, se mataram outros presidentes, por que não o Trump? 

   Acusam-no de querer construir um muro separando o México dos Estados Unidos. No entanto o muro já existe, e desde 1994. A desculpa é evitar a imigração ilegal daqueles mexicanos que desejam lavar pratos para os seus patrões e ganhar em dólares. Nenhum deles pensa em se revoltar contra o entreguista governo mexicano; nenhum deles quer participar das guerrilhas, nem mesmo da sub-guerrilha quase zapatista do subcomandante Marcos; nenhum deles pretende lutar pela libertação do seu país. Não. Querem fazer faxina nos Estados Unidos. E o muro foi erguido ainda na administração Bush justamente para evitar essa faxina. Tem mais de um quilômetro de extensão. O que o Trump deseja fazer? Colocar novos tijolos? Cortem-lhe a cabeça! 

   Dizem que o Trump é mau, muito mau, porque pretende deportar o que chama de “imigrantes criminosos”. Mas os imigrantes já estão sendo expulsos dos Estados Unidos há séculos, sejam ou não criminosos. E agora, com as guerras na Síria e no Iraque – guerras provocadas pelos próprios Estados Unidos e seus comparsas – milhões de árabes que fogem da desolação estão sendo encarcerados em verdadeiros campos de concentração, em diversos lugares da Europa. 

   Afirmam que o Trump, além de mau, muito mau, é estúpido, muito estúpido. É claro que sim. Trump é o mais legítimo representante dos estadunidenses, em décadas, talvez em séculos. Exala estupidez por todos os poros, assim como todos, ou quase todos os norte-americanos. É declaradamente misógino, racista, homofóbico, e tem ainda outras fobias não declaradas. Como todos, ou quase todos, os norte-americanos.  

   Mas tem uma vantagem sobre o Obama: não é hipócrita. Obama, depois de eleito, ganhou o Prêmio Nobel da Paz e foi destruir a Líbia, de Kadafi. Em seguida, e com o apoio da mídia, foi derrubando governo por governo do norte da África e do Oriente Médio. Parou na Síria. Ou foi parado pela Rússia. Então, resolveu declarar guerra à Rússia, contando com o apoio da OTAN - o seu exército particular. Cercou a Rússia com 19 bases militares nos países fronteiriços e pensou que venceria facilmente por estrangulamento. A Rússia contra-atacou na Síria e está ajudando o exército sírio a dizimar os mercenários dos Estados Unidos. 

   Falava-se até em III Guerra Mundial, com direito a lançamento de ogivas nucleares, quando houve as eleições presidenciais nos Estados Unidos. De um lado, Hillary Clinton, a secretária de Estado do governo Obama, prometendo uma linda guerra no caso de ser eleita; de outro, o estúpido e mau Trump a dizer que a guerra não lhe interessa; que os Estados Unidos devem livrar-se dos terroristas, no Oriente Médio e em todos os lugares, parar de brigar com a Rússia e com outros países, como a Coréia do Norte e a China, e tentar reerguer o seu país, quase falido com tantas guerras. 

   Trump chegou ao máximo descalabro de ameaçar retirar os Estados Unidos da OTAN. Afinal, a OTAN, segundo ele, depende quase exclusivamente dos Estados Unidos, os países que a compõem contribuem com percentagens mínimas para a obsoleta máquina de guerra. Ainda mais: Trump disse que al-Assad, o presidente da Síria, é uma pessoa séria com quem se pode conversar, enquanto os terroristas e mercenários contratados e enviados para aquele país, na tentativa de derrubar o governo, são desconhecidos. 

   Trump é um negociante, e sabe que as guerras são péssimas para os negócios. O mais das vezes, guerras são investimentos a fundo perdido e sem prazo de validade, e com adversários tão fortes como Rússia e China a possibilidade de retorno ou de algum lucro é quase nula. Trump sabe que se houver nova guerra mundial os papéis em todas as bolsas perdem o seu valor da noite para o dia, e a sua riqueza afunda. Então, a paz. Uma paz fingida, mas paz. Se não é possível conquistar o mundo inteiro, como desejava Obama e seus antecessores, divide-se o mundo em zonas de influência - e vamos aos negócios! 

   Estas, resumidamente, são algumas das idéias de Trump, que estão apavorando o establishment mundial e que representam uma guinada de 180 graus na política externa dos Estados Unidos. E essas idéias são a razão principal da campanha contra Trump, mesmo depois de eleito. Dificilmente conseguirá colocá-las em prática, pois terá contra si o peso de um sistema que prometeu a si mesmo o domínio global e que agora se vê sustado em suas intenções monopolistas. Mas, pelo menos de momento, a guerra foi postergada. A não ser que Obama prefira provocar a guerra, evitando indefinidamente a posse de Trump. 

   O que não é impossível nem improvável. O sistema capitalista tem sobrevivido graças às contínuas guerras. Guerras coloniais, guerras para redesenhar o mundo, guerras para invadir países insubordinados, guerras para roubar as riquezas de todos os países. Guerras. Sem elas o capitalismo desmorona. Dar uma chance à paz é dar uma chance ao socialismo.  

   Obama é um genocida. Seu governo caracteriza-se por guerras e invasões que provocaram milhares de mortos, mas é considerado muito bonzinho pela mídia vendida. A secretária de Estado Hillary Clinton é uma louca desvairada e principal candidata ao prêmio de Besta do Apocalipse. Em duas cartas vazadas pelo Wikileaks, entre tantas outras, ela se compromete a ajudar Israel em suas atrocidades contra o povo palestino, dizendo que “se for necessário matar 200 mil em Gaza, que assim seja”. 

   Dizem que Trump acabará se curvando aos interesses do capital financeiro internacional, à indústria bélica, ao FBI, à CIA, à Maçonaria, ao Clube Bilderberg, à toda a máfia capitalista, e promoverá novas guerras ou será morto. É mais do que provável, quase certo. Mas, por enquanto, ainda respiramos.

Um comentário:

  1. Ótima análise Então O chamado louco Trump seria a solução momentanea.

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