quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A ESQUERDA APÁTICA




Aqueles que propõem o parlamentarismo como solução política, ou, ao menos, o caduco sistema representativo, fazem de tudo para desviar dos pobres de espírito o verdadeiro sentido do golpe de Estado em andamento. Porque é um golpe em andamento, ou mais uma etapa do golpe iniciado em 1954, com o assassínio ou suicídio de Getúlio Vargas, continuando em 1962 com a renúncia de Jânio Quadros e tendo o seu momento de retirada das máscaras em 1964 com a tomada do poder pelos militares. 

   O regime militar tornou-se obsoleto e ultrapassado no final dos anos 1980, quando houve passeatas pela volta das eleições diretas, momentos devidamente midiatizados pela Globo & Cia e que levaram à “pacificação” nacional depois de votada a nova Constituição. 

   Um golpe que recomeçou a sua trajetória em 2013, com as manifestações da direita, passou pelo início do segundo mandato absolutamente entreguista de Dilma e pareceu culminar com a deposição da Presidente e a usurpação do poder por Michel Temer, com o apoio do vendido Congresso e do $TF. 

   A todas essas a esquerda preferida da direita protesta com discursos vazios e documentos devidamente rubricados e selados, protocolados no Balcão dos Canalhas, e dá-se por satisfeita enquanto acena com o circo das eleições que dizem ser sinônimo da democracia deles, e não do povo incessantemente ludibriado.  

   Uma esquerda esgotada pela falta de objetivos, de propostas, de verdadeiros projetos sociais e que prefere os conchavos, os acordos, as sociedades privadas, os murmúrios esotéricos, o samba do crioulo doido, a casa de Irene, a traição ao povo do qual só deseja votos. 

   E fica-se a perguntar se, além da direita fascista e entreguista, esfaimada por poder, esse tipo de esquerda, carente de conhecimento, de orientação ideológica, oriunda de uma classe média que um dia deteve o poder e o deixou escapar por absoluta incompetência e desvairado deslumbramento, por suas ações e omissões não se constitui também em inimigo das classes oprimidas. 

   Acreditava-se, inclusive, que a sucessão de golpes contra o povo acabaria por acordar esses defensores do submundo da democracia, saltimbancos eleitoreiros, palhaços representantes de falidas instituições, hóspedes de uma utopia idealista apodrecida nos seus etéreos alicerces. 

   De nada tem adiantado. Por mais que levem na cabeça preferem abaixá-la e olhar para os pés envoltos em pantanoso lodaçal de idéias capengas. Aderiram à cultura pasteurizada feita sob encomenda para os muito pálidos e eternamente nauseados. Morreram e, aos poucos, por ausência de sangue, ficarão mumificados.

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